18 de set. de 2008

uma dose desespero com duas pedras de gelo



Desce-me mais outra dose por favor...
A cada gole que desce em minha garganta, me sinto com o corpo um pouco mais dormente. Minha boa e velha mente pergunta sobre o desespero humano diante da dor...a dor física, a dor suave de existir...
Mais uma dose...
Uma dor corroendo o estomago, como se ratos estivessem se alimentando das tripas...o que fazer?ouço passos...alguém se levantou da cama...vou lá ver...já volto...melhor acabar com esta dose antes de ir...
Voltei...
Outra dose...
Não tinha se levantado , apenas se ajoelhou na cama e encostou a testa no colchão...olhou para mim, e em seu rosto vi a aparência de que é se esta no inferno...a sua boca se abriu lentamente e balbuciou uma perguntas(sempre elas) ..e me disse; “por que eu?qual é o propósito disso tudo?”.e eu não tive respostas
(Pausa para um grande gole)
Pensando bem, agora tenho uma resposta(ei meu copo esta vazio) ...talvez eu devesse responder; “não há nada sério em mortalidade: tudo é apenas “brinquedo”:renome e graça já não existem” .não, acho que não seria uma boa resposta.
Uma dose mais, e me traga algumas cervejas...
É só a morte mais nada, todos irão morrer, eu e você, não há exceção. E é estranho pensar que um dia iremos deixar de ser...
Na hora da dor física todos clamam por seus deuses, e de nenhum deles obtêm respostas...
Mas acho que nada se compara a dor existencial...pois, não pode , nesse caso nem se iludir clamando por deuses...os deuses já não existem... ai o desespero...
A realidade divina é surreal, e já não consigo me iludir na espera de um paraíso ou até mesmo um inferno...e não consigo , dizer para alguém que sofre e grita: “ai meu Deus , me ajuda”, a esse não consigo lhes dizer que há um paraíso ,mas também não consigo dizer (um grande e guloso copo): “Seu Deus bondoso não ira de atender, e se você morrer agora simplesmente deixara de existir, e não existira em nenhum outro lugar.”
Encho o copo lentamente, o coloco em cima da mesa, abro uma cerveja, bebo cada ml da garrafa como se fosse o ultimo, e então volto-me para o copo e degusto o seu liquido ...de canto de olho observo em um livro aberto algo que se destaca, deixo o copo, pego o livro e então leio:
Do desespero consciente da sua existência;consciente dum eu de certa eternidade; e das duas formas desse desespero,uma na qual se deseja, outra na qual não se deseja ser si próprio .
(Rick rosa)

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